Temerario: será este o Lambo de entrada definitivo?

Há Lamborghinis, e há o Temerario. Mais que um simples sucessor do Huracán, ele redefine o supercarro moderno e estreia como modelo de acesso à linha de superesportivos da marca italiana.

É um híbrido plug-in com três motores elétricos. Traz um V8 biturbo que gira a 10.000 rpm. Vem recheado de tecnologia e soluções aerodinâmicas. Mas, acima de tudo, é uma carta de amor à performance, escrita no inconfundível dialeto de Sant’Agata. Desde o momento em que o vimos, ouvimos e sentimos sua fúria em linha reta, ficou claro: o Temerario não é só marketing; é uma máquina italiana concebida com esmero.

Voamos para o Circuito do Estoril, em Portugal — pista onde Ayrton Senna gravou seu nome na história — para testar o Temerario em seu habitat natural. O traçado de 2,7 milhas, com variações de altitude, curvas técnicas e longas retas, foi perfeito para colocar cada milímetro do novo Lambo híbrido à prova. O que se seguiu foi uma exploração total em três frentes do Temerario: design, tecnologia e comportamento no limite. O que ele revelou não foi apenas um sucessor, mas um vislumbre do futuro da Lamborghini.

Por Dentro do Design

O Temerario não chega em silêncio; ele se anuncia com uma nova interpretação da forma Lamborghini: largo, baixo e futurista, mas ainda fiel às proporções clássicas de motor central. Um afilado “nariz de tubarão” lidera o ataque; os DRL hexagonais, mais afastados, agora fazem dupla função como canais de ar para refrigeração e aerodinâmica. O Centro Stile chama essa nova direção de “essencial e icônica”, eliminando floreios desnecessários em favor de superfícies tensionadas e musculatura contida. De longe, a silhueta lembra um caça pronto para decolar — balanços curtos, cabine compacta e um enorme quadril traseiro que denuncia a potência que se esconde ali. Cada elemento externo cumpre dupla função: as lanternas traseiras hexagonais também servem de dutos, ajudando a resfriar o cofre do motor. Vincos afiados canalizam o ar para as entradas famintas do V8, enquanto o discreto canal no teto leva o fluxo até a asa traseira integrada. Até o aerofólio fixo foi esculpido para equilibrar pressões. Quem optar pelo pacote Alleggerita (que reduz peso) terá 158% a mais de downforce na traseira em relação ao Huracán EVO. Percorrendo os boxes de Estoril, admiramos como as formas ganham vida em movimento. Aletas e dutos somem em linhas tensionadas; uma nova saída de escape hexagonal centraliza a traseira, e o motor — exibido sob tampa transparente como joia mecânica — integra-se a uma parte traseira larga e musculosa, moldada por um difusor de inspiração nas pistas. Por dentro, a filosofia “Feel like a pilot” se traduz em uma posição de condução baixa e em um cockpit mais próximo de um caça do que de um esportivo. Fibra de carbono, suede Corsatex e Alcantara delineiam o ambiente, enquanto o quadro digital de 12,3 polegadas domina a visão do motorista. Os controles físicos estão de volta — seletores giratórios, teclas e o icônico botão de partida estilo lança-mísseis sob uma tampa vermelha — trazendo tato a cada interação. Uma segunda tela de 9,1 polegadas dá ao passageiro seu próprio display com telemetria, modos de condução e — por que não? — motivo para se gabar. Tecnologia Poderosa

No coração do Temerario está uma das façanhas de engenharia mais ambiciosas da Lamborghini: um V8 4.0 biturbo com virabrequim plano, bielas de titânio e corte a 10.000 rpm. Sozinho, entrega 789 hp e 538 lb-ft de torque. Mas isso é apenas o ato de abertura: encaixado entre o motor e a nova transmissão de dupla embreagem de oito marchas há um motor elétrico axial-flux de 147 hp. Na dianteira, outros dois motores elétricos garantem vetorização de torque e tração integral. Juntos, somam 920 hp, com torque servido com precisão cirúrgica. Esse conjunto não só turbina a performance — ele redefine a experiência. O motor elétrico na posição P1 atua como preenchimento de torque, elimina o lag e mantém a força entre as trocas. Serve ainda como motor de partida, gerador e propulsor no modo 100% elétrico “Città”. Na cidade, o Temerario desliza em silêncio. Mas selecione “Sport” ou “Corsa” e a orquestra desperta: o boost sobe a 36 psi, o flat-plane canta e a sinfonia de combustão e eletricidade golpeia com força e finesse. A energia fica armazenada em uma bateria de íons de lítio de 3,8 kWh montada no túnel central, mantendo o peso baixo e bem distribuído. Ela pode ser recarregada na tomada (em apenas 30 minutos), pela regeneração de frenagem ou diretamente pelo V8. Enquanto isso, o LDV 2.0 utiliza os motores dianteiros para vetorização de torque, melhorando a entrada de curva, a estabilidade e reduzindo o fade ao dispensar parte do freio de fricção. Até a energia das frenagens volta para o sistema, provando que sustentabilidade e selvageria podem coexistir. No cockpit, a Lamborghini apresenta seu sistema de infotainment e telemetria mais avançado até hoje. São três telas: uma para o motorista, outra para o passageiro e uma central de 8,4 polegadas, o núcleo da chamada Vision Unit. Por ela acessamos Telemetry 2.0, Memories Recorder e apps de dashcam, todos integrados ao Lamborghini Unica. Quer analisar uma volta? Envie os dados direto para o celular. Quer gravar um hot lap com frequência cardíaca, força-G e parciais? Também dá. Na Pista

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