Morre aos 90 anos o pintor visionário Raymond Saunders
Ele deixa um legado de experimentação destemida.
Resumo
- Raymond Saunders, o influente pintor cujas obras em estilo assemblage exploravam a amplitude da atuação dos artistas negros no cenário da arte moderna e contemporânea, morreu aos 90 anos.
- O anúncio chega apenas uma semana após o encerramento da primeira grande retrospectiva em museu de Saunders, realizada em sua cidade natal, no Carnegie Museum of Art.
Raymond Saunders, artista americano radical, conhecido por sua abordagem ousada da abstração e da assemblage, morreu aos 90 anos. A sua morte foi confirmada no início desta semana em um comunicado conjunto das galerias que o representam — Casemore, Andrew Kreps e David Zwirner.
A obra de Saunders é marcada por sua resistência a rótulos. Por meio de texturas, símbolos e materiais, ele convidou o público a repensar pressupostos sobre identidade negra e expressão cultural. Em suas criações em estilo assemblage, pinceladas gestuais convivem com campos de cor vibrantes, anotações gráficas e objetos achados, servindo como ferramenta para investigar o intricado tecido da história americana.
A notícia de seu falecimento chega logo após o encerramento de Flowers from a Black Garden no Carnegie Museum of Art, onde ele fez aulas de arte quando criança. A mostra marcou a primeira grande retrospectiva em museu do artista, duas vezes contemplado pelo National Endowment for the Arts.
Nascido em Pittsburgh em 1934, Saunders formou-se em Belas-Artes pelo Carnegie Institute of Technology e, mais tarde, mudou-se para Oakland para cursar o mestrado na California College of Arts and Crafts, onde se tornou professor.
Saunders deixa um legado de experimentação destemida, com um corpo de trabalho que reforça a autonomia e expande os horizontes da arte negra.Black Is a Color ele escreveu: “não estou aqui para agradar à plateia; não sou responsável pelo entretenimento de ninguém. Sou responsável por ser plenamente eu mesmo, como homem e artista, tanto quanto possível, permitindo-me esperar que, nesse esforço, alguma luz, algum amor, alguma beleza iluminem o mundo — e, talvez, algumas iniquidades sejam corrigidas.”

















