A estreia lendária de Glenn Martens: Coleção Artisanal Outono 2025 da Maison Margiela
O aguardadíssimo debut do designer belga presta homenagem ao legado vanguardista de Martin Margiela e ao drama de John Galliano.
Como dar continuidade ao extraordinário legado de um estilista de vanguarda como Martin Margiela? E, além disso, como superar um grand finale tão triunfante quanto a coleção couture de outono 2024, encenada de forma teatral por John Galliano? Deixe que Glenn Martens mostre o caminho.
Se há algo certo, é que Martens tem o toque de Midas quando o assunto são as mudanças de comando na moda. O designer belga consegue destilar o ethos de grifes consagradas sem perder o termômetro do agora. Da mesma forma que sua direção na Diesel está profundamente enraizada na identidade da marca italiana de denim, sua estreia na Maison Margiela Artisanal, Fall 2025, começa pela base: recupera códigos essenciais de Margiela e preserva a teatralidade da era Galliano.
Em 9 de julho, o designer levou a plateia de volta ao local onde Martin Margiela apresentou sua coleção final, em março de 2009, no espaço cultural parisiense Le Centquatre. O piso era revestido de ladrilhos fragmentados e as paredes cobriam-se de cartazes colados de maneira caótica, desgastados, sobrepostos e descascando, como se sempre tivessem estado ali.
O cenário criava um contraste marcante para os looks de abertura, que faziam referência direta ao desfile de 2009 com vestidos e casacos de poliuretano que lembravam armaduras translúcidas e, claro, diversas versões das icônicas máscaras de Martin Margiela. Depois, o show mudou de tom com vestidos metálicos que engoliam o corpo, transformando as modelos em metais preciosos em estado de fusão que deslizavam pela passarela num clima quase fantasmagórico.
Os ecos de Galliano também se faziam ouvir, com corseteria extrema e padrões florais régios, manchados por uma pátina antiquária. Martens traduz esses fragmentos dourados de inspiração renascentista para a linguagem desconstruída de Margiela, costurando tecidos em patchwork para criar trench coats, saias longas e vestidos justos ao corpo.
Em seguida, uma certa aura de decadência começou a surgir. Uma camisa polo cravejada de joias parecia ter sido desenterrada, enquanto a parte de baixo — um jeans claro — remetia ao “par mais antigo de jeans” recém-encontrado numa galeria de mina abandonada. Jaquetas e saias que aparentavam ser de couro recebiam um acabamento rígido e áspero, e até os tecidos aparentemente leves surgiam queimados e esfarrapados.
Mas, em seus momentos finais, Martens garantiu à plateia que a renovação é iminente. Um look composto por blazer masculino e saia surgiu cravejado de pedras verde-esmeralda e acompanhado por uma máscara cromada amorfa; na sequência, um vestido de mangas longas apareceu coberto pelo conteúdo reluzente de um baú de tesouro dourado. Em outra entrada, um conjunto inteiro de tule sugeria flores em plena floração, coroado por um adorno de cabeça em forma de buquê, enquanto o plástico translúcido voltava em um casaco tecnicolor.
Por fim, o desfile se encerrou com um dos raros looks de cor sólida da coleção. Um vibrante verde-limão, que combinava um corpete franzido a uma saia fluida, evocou renascimento e rejuvenescimento — o próximo capítulo da Maison Margiela acaba de começar.
Confira a galeria acima para ver todos os detalhes da estreia Artisanal de Glenn Martens na Maison Margiela e fique ligado na Hypebeast para as últimas novidades da indústria da moda.

















