Tasha & Tracie transformam trauma em triunfo no álbum de estreia 'Serena & Venus'
As gêmeas detalham o processo ambicioso e independente por trás de um álbum de estreia coeso que mistura gêneros.
A dupla brasileira de rap Tasha & Tracie lançou seu álbum de estreia,Serena & Venus—um projeto de 21 faixas que funciona como uma crônica sonora, entrelaçando a história pessoal das gêmeas e referências culturais com uma narrativa ficcional poderosa. A obra reforça o lugar das artistas como vozes centrais na cultura urbana brasileira, tecendo com maestria temas como dor, amor, desilusão, força e redenção.
O processo criativo do álbum foi marcado por uma postura independente: Tasha & Tracie gravaram e coproduziram o disco em seu próprio estúdio, ao lado de beatmakers como Pizzol, Caio Passos e Fahel. A estética visual deSerena & Venusse inspira explicitamente no passado das irmãs — em particular nas cartas manuscritas que a mãe enviava da prisão.
À Hypebeast, Tracie contou que o álbum tem uma “narrativa visual, muito baseada nas cartas”, e que a capa funciona como um eco direto e potente dessas missivas escritas a caneta azul e acompanhadas de desenhos.
“Tivemos um momento em que ficamos tão tristes com aquelas lembranças… que rasgamos todas as cartas”, disse Tasha, ressaltando a crueza e a intimidade comovente que sustentam o projeto.
A execução deSerena & Venusmostra a visão artística concentrada da dupla. O processo delas passa por emoções intensas — transitando entre confiança, alegria e tristeza — e exigiu um trabalho cirúrgico de edição do material criativo.
Para Tracie, “há coisas que consideramos preciosas para entender o todo… e, não, às vezes precisamos ser sucintas.” Essa disciplina resultou em uma obra ao mesmo tempo ampla e coesa.
Ao confrontarem memórias dolorosas e transformá‑las em um documento sonoro abrangente, Tasha & Tracie entregam um álbum que funciona não só como sinal de maturidade artística, mas também como uma potente exploração de força e autodeterminação. “Somos muito intensas, no sentido de que vivemos muito entre melancolia e alegria, confiança e melancolia”, diz Tasha.

















